Certas expressões parecem ser eternas, tanto é que dia desses em conversas na Lugage eis que surge “Pegar com a boca na botija”. A palavra botija, de origem espanhola, é empregada para definir vasos nos quais eram armazenados vinho, água ou azeite. Como alguns tinham gargalo fino, serviam também para esconder itens valiosos. Assim “pegar com a boca na botija” vem do fato de alguém (um ladrão, um escravo, um filho arteiro) ser pego bisbilhotando o tesouro alheio.
De acordo com o imaginário popular nordestino,achar uma botija tanto pode significar sorte quanto azar. O costume ainda era praticado no Brasil de meados do século XIX e muitas lendas surgiram em torno do assunto. Uma pessoa escondia parte do seu tesouro – na maioria das vezes moedas, mas, em alguns casos, cédulas ou até jóias – em um compartimento secreto numa das paredes da casa onde morava. Uns preferiram mesmo enterrar a dinheirama no quintal. Porém, quando não eram distribuídas em vida com os legítimos herdeiros, essas riquezas se tornavam uma maldição porque muitas pessoas morriam sem revelar o local onde a “fortuna” estava enterrada. Como então saber saber o local onde o tesouro estava? A alma do morto em pessoa vinha avisar ao presenteado como desenterrar a botija. Era o “preço” que se pagava por ser merecedor da quantia que podia ser muito alta ou apenas centavos. E você preferiria a visita do além ou ficar sem a botija?